A Auren anunciou a aquisição da AES Brasil, criando a terceira maior geradora de energia do Brasil. Essa fusão resultará em uma empresa com um portfólio diversificado, incluindo hidrelétricas, parques eólicos e solares, com sinergias iniciais estimadas em R$ 1,2 bilhão a valor presente.
A transação será realizada por meio da incorporação das ações da AES pela Auren, combinando troca de ações e dinheiro. A AES Corp, detentora de 47,5% da AES Brasil e que já havia sinalizado a intenção de sair do país, receberá R$ 11,55 por ação em dinheiro, totalizando R$ 6,95 bilhões, um prêmio de 18% sobre o valor de mercado.
Os demais acionistas terão três opções: receber tudo em dinheiro, optar por 90% em ações da Auren mais R$ 1,15 em dinheiro, ou escolher 50% em ações e R$ 5,77 em dinheiro. Essas alternativas visam acomodar os diferentes perfis de investidores, especialmente aqueles que acreditam no potencial de valorização da nova entidade. Luiz Barsi, com 5,1% do capital, e o BNDES, com 7%, são acionistas relevantes. A Votorantim, que possui 4,1% da AES Brasil, optará por 90% em ações da Auren.
Dependendo das escolhas dos acionistas, o custo total da aquisição variará entre R$ 6 bilhões e R$ 6,95 bilhões. No mercado, a AES Brasil está avaliada em R$ 5,9 bilhões, enquanto a Auren vale R$ 12 bilhões.
Sinergias e Estratégia
A Auren, formada pela fusão da antiga Cesp com ativos de energia eólica e solar da Votorantim e do fundo de pensão canadense CPP, tem explorado oportunidades de fusões e aquisições desde sua criação em março de 2022. Segundo Fabio Zanfelice, CEO da Auren, nenhuma oportunidade se mostrou tão sinérgica e estratégica quanto a aquisição da AES Brasil.
A Auren espera sinergias relevantes de R$ 1,2 bilhão a valor presente através da redução de despesas administrativas, além de sinergias financeiras e operacionais adicionais. A aquisição aumentará a capacidade instalada da Auren de 3,6 GW para 8,8 GW, diversificando suas fontes de energia e reduzindo a dependência de hidrelétricas.
Após a fusão, a Auren terá 54% de sua capacidade em hidrelétricas, 36% em eólicas e 10% em solar, se aproximando de um mix energético ideal. A transação também consolidará a liderança da Auren no mercado de comercialização de energia.
Financiamento
A Auren dispõe de R$ 4,6 bilhões em caixa e uma linha de financiamento de R$ 5,4 bilhões para financiar a aquisição. A alavancagem da empresa aumentará de 1,8 para 4,9 vezes o EBITDA, mas a geração robusta de caixa e as sinergias previstas devem ajudar na desalavancagem, sem necessidade de emissão adicional de ações.
A empresa também considera a venda de ativos não essenciais e a utilização de créditos fiscais da Cesp para reduzir a carga tributária, estimados em R$ 800 milhões. A transação aguarda aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e espera-se que seja concluída no segundo semestre de 2024.
A combinação das operações da Auren e AES Brasil não só ampliará a capacidade de geração de energia, mas também reforçará a posição estratégica da nova entidade no mercado energético brasileiro, promovendo um crescimento sustentável e diversificado.